4 de maio de 2010

O Monstro, de Novo

Chegou o Monstro. Aquele inesperado e indesejado resultado das nossas ações insensatas. O Monstro é problema, ele causa dor porque sua dor extrapola seu corpo, é visível aos olhos mimados dos doces normais. O Monstro é podre, mas não porque seja sujo, é que sua condição exala o cheiro ruim. O Monstro não faz mal, ele simplesmente não mede sua força, e destrói a beleza com sua mão monstruosa. O Monstro tem pensamentos bons, mas sua aparência causa tamanho nojo que não há tempo de conhecê-lo. O pesadelo do Monstro é tentar chegar perto de alguém e assustá-lo; é tentar explicar que sua essência é boa, porém ser impedido pelo preconceito geral. O Monstro perde, então, as estribeiras, solta um urro profundo de dor pura, de tristeza plena, e sai correndo, derrubando tudo o que encontra em seu caminho.
Mitológico? Claro. O Monstro aqui é o mito da perda de controle do humano. Mas não tenha dúvida, toda perda de controle será recompensada com a morte na fogueira provocada pela multidão enfurecida com suas tochas acesas, bradando por justiça. Enquanto isso, a nobreza continua a assistir a tudo do alto de sua torre de cristal, o padre já se recolheu, fingindo que não é com ele, e o banqueiro reforça a porta do cofre.

Nenhum comentário: