31 de maio de 2009

O Nome do Avatar

Tô nem ai se as pessoas lêem ou não o que escrevo. Escrevo porque gosto e pronto. Nem ai se meu chefe não me valoriza, ganho meu salário e vou pra casa, quando não for me usar mais, me demita. Me lixando se meus amigos fingem escutar o que digo ou se reparam se estou igual ou diferente. Não me importo com a opinião dos outros, tenho centenas de canais de TV. Nem ai se serei um talento reconhecido ou um gênio obscuro. Dane-se a vontade dos que querem que eu tenha vontade. Foda-se se estou mentindo. "Nem ai" é o nome do meu avatar, já que por dentro ninguém nunca vai saber o que sou. Tenho um milhão de amigos, e não sou mais que um bip, quando muito.

28 de maio de 2009

Hoje não mais

Hoje as ideias não pertencem a ninguém, e pertencem a todos ao mesmo tempo. Os pensamento são menos intimistas, pouco se guarda para si. Pouco se poupa, pouco se reserva. Não há mal ou bem nenhum nisso - embora meu texto esteja cheio de ranço, racionalmente não há mesmo mal nem bem. Há o presente, "o que é", e há o futuro, "o que será" - o que haverá amanhã ou daqui a 8 segundos é muito diferente de tudo o que houve nos 800 milhões de anos antes, e no entanto é exatamente a mesma coisa, mudanças menores ou maiores, mais ou menos bruscas. Seremos seres humanos até o dia em que nos virmos transformados em outro bicho. Quero virar mico de circo se isso já não aconteceu.

26 de maio de 2009

A Esguichada e o Tiro

A esguichada, antes de sair da mangueira, entortou-a para a direita, depois para a esquerda. A Mangueira, como se estivesse viva, se retorceu, desobrou-se e, por fim, liberou, como quem baba, um teco de água, que veio seguido de outras águas mais voulmosas, que se espalharam numa esguichada fraca.
O tiro saiu da espingarda e acertou a torneira, matando assim a alma da mangueira.

Inveja verde

Eu olho e sinto inveja. Não porque o outro saiba mais do que eu, ou porque ele seja de fato melhor. Mas sim pelo fato de que ele sabe usar as ferramentas em benefício próprio. Eu não. Minhas ferramentas ficam guardadas. Tenho medo de utilizá-las. Nem sei porque. Vejo verde, enxergo verde, arroto verde, engulo verde. Morro verde?

4 de maio de 2009

O Monstro II

O Monstro, de acordo com Jorge Leite Jr. em seu maravilhoso "Das Maravilhase e Prodígios Sexuais" é um ser quase santo, que aparece para o homem para adverti-lo do que pode acontecer se ele desobedecer às leis vigentes, à moral em voga. Frankstein é o resultado do homem que brinca de Deus, assim como Hulk, que pretende ser o aperfeiçoamento da criação. O Monstro é aquele que mostra, que avisa, um arauto do que está por vir. De vez em quando somos o Monstro, quando estamos no papel do doente, do demissionário, do perseguido político; outras vezes nascemos Monstros, somos deformados, defeituosos, grandes ou pequenos demais, gordos ou magros demais, ou então nosso defeito não é aparente, somos loucos, psicóticos, obssessivos, compulsivos, depressivos, desviados. De todas as formas, esse exército de não-sadios soltos pelo mundo serve de referência a uma pretensa normalidade predominante. Os Normais são aqueles que não possuem defeitos, se comparados aos monstros com quem convivem, como a garota em relação à amiga "feia", como o chefe que rebaixa seu subordinado, temendo que descubram suas falhas. Os Normais ditam a norma, impõem sua normalidade aos demais "mundos", sobre os quais não conhecem e nem querem conhecer. A Norma é o centro do universo, e o que é de fora é bárbaro, involuido, pecador, sublime, limítrofe. Talvez um dia os Monstros serão a norma, e o Normal de hoje será apenas algo previsível demais; nesse dia, seguir os passos normais talvez não mais valerá a pena ...