28 de março de 2011

Fora do Pecado Não Há Salvação


A ignorância da criança por anos foi louvada. Mas ela cresceu, e escolheu seus caminhos, e neles aprendeu, se feriu, gozou, sofreu e fez sofrer. Aprendeu, enfim. Seria isso o pecado? O pecado original, representado pela maçã e a tentação de Eva, desafiaram a ira do Deus da estabilidade. Não há mudança sem desafios, contestações, revoluções. Não há rei posto, se não desafiarmos a legitimidade divina de sua coroa, se não perguntarmos, na cara de Deus, o porquê da escolha dele, e não d'eu. Fora do Pecado não há Salvação.

24 de março de 2011

Solidão e Solidez

Ontem uma amiga, uma Cândida amiga, escreveu um texto sobre solidão. Bem, a ela eu digo que o feedback é um negócio em desuso por seres humanos, provavelmente causado pelo excesso de informação, metainformação (informação descontextualizada), desinformação("verdades" como correntes, milagres, conincidências numéricas pretensamente inexplcáveis) e informações tergiversais - propagandas e imprensa a serviço de alguém guerreando para conduzir nossa percepção para um lado ou outro de um debate. Comunicar ficou mais complicado.
Somos alvo de tudo, menos do ócio criativo, do livre pensar, não somos senhores do nosso tempo. Com isso, o feedback ficou supérfluo. Sem feedback, o comunicador, o blogueiro, fica no vácuo, no vazio. Ele sabe que sabe produzir um bom texto, mas não sabe corrigir e melhorar, e não pode alterar o rumo - ele fica mais engessado. E coisa é ainda um pouco mais grave. A sociedade sem feedback, sem retroalimentação, é solitária e empobrecida. O feedback analógico foi substituído pelo tuíte, numérico e digital: eu não digo o que penso sobre você e suas ideias, mas você quantifica seu poder de alcance na sociedade do espetáculo, no big brother da vida atual. Tuitar alguém é, sem dúvida, prestigiá-lo, mas não substitui a crítica, a pluralidade de visões.

17 de março de 2011

O Dia em que Faremos Contato

Sentiu que seria diferente daquela vez. Armou-se de confiança e coragem e recomeçou. Enxergou, na manhã chuvosa e fria, um frescor. No trânsito, percebeu o tempo disponível que tinha para refletir. Abriu a janela ao pedinte, deu-lhe dinheiro e tocou em seu braço. Trabalhou o dia inteiro e, ainda alegre, voltou para casa. Brincou com o filho e conversou com a esposa, fizeram planos, viajar, melhorar, voar. Então, sozinho na sacada, olhou para o céu e viu uma luz intensa, de onde saiu um dragão púrpura, que o encarou de frente e falou: "Você é foda! Nunca se esqueça disso". Dai o dragão voltou de onde veio, levando consigo todos os medos que ainda residiam no homem.