9 de maio de 2022

Nu Frontal


 Um corpo é sempre um corpo nu

E é sempre um corpo no espaço vazio

O nu no corpo solto da cidade

A nudez invisível do corpo da vida

O corpo nu transita vestido, finge-se desestruturado para disfarçar o desengonçado.

Trajado em risca de giz que não disfarça a pele ultrajada, ulterior, última e primeira vestimenta. O corpo, para enfrentar a luta de não ser corpo, leva armadura sobre a pele, a casca que nasce a se desmanchar.


Um corpo sadio é um corpo tão corpo quanto um corpo doente. Ambos são quentes por fora, úmidos por dentro e se arrepiam ao frio e se intumecem ao toque.


Um corpo é só um corpo, até não ser mais nada. Qual corpo se diverte mais, o sadio ou o doente? Quanto sofre um corpo sadio até gozar? Quanto goza um corpo plebeu até adoecer?


Encorpar para incorporar? Educorar e aromatizar para exportar: o corpo expulso que se crê expatriado quando sempre foi e será um refugiado, um refugo.


Sempre um corpo no espaço vazio

O nu no corpo solto da cidade


Um corpo invisível no improvável do hoje, no  inexorável do aqui,no imponderável do "até quando"