Um corpo é sempre um corpo nu
E é sempre um corpo no espaço vazio
O nu no corpo solto da cidade
A nudez invisível do corpo da vida
O corpo nu transita vestido, finge-se desestruturado para disfarçar o desengonçado.
Trajado em risca de giz que não disfarça a pele ultrajada, ulterior, última e primeira vestimenta. O corpo, para enfrentar a luta de não ser corpo, leva armadura sobre a pele, a casca que nasce a se desmanchar.
Um corpo sadio é um corpo tão corpo quanto um corpo doente. Ambos são quentes por fora, úmidos por dentro e se arrepiam ao frio e se intumecem ao toque.
Um corpo é só um corpo, até não ser mais nada. Qual corpo se diverte mais, o sadio ou o doente? Quanto sofre um corpo sadio até gozar? Quanto goza um corpo plebeu até adoecer?
Encorpar para incorporar? Educorar e aromatizar para exportar: o corpo expulso que se crê expatriado quando sempre foi e será um refugiado, um refugo.
Sempre um corpo no espaço vazio
O nu no corpo solto da cidade
Um corpo invisível no improvável do hoje, no inexorável do aqui,no imponderável do "até quando"