4 de maio de 2009

O Monstro II

O Monstro, de acordo com Jorge Leite Jr. em seu maravilhoso "Das Maravilhase e Prodígios Sexuais" é um ser quase santo, que aparece para o homem para adverti-lo do que pode acontecer se ele desobedecer às leis vigentes, à moral em voga. Frankstein é o resultado do homem que brinca de Deus, assim como Hulk, que pretende ser o aperfeiçoamento da criação. O Monstro é aquele que mostra, que avisa, um arauto do que está por vir. De vez em quando somos o Monstro, quando estamos no papel do doente, do demissionário, do perseguido político; outras vezes nascemos Monstros, somos deformados, defeituosos, grandes ou pequenos demais, gordos ou magros demais, ou então nosso defeito não é aparente, somos loucos, psicóticos, obssessivos, compulsivos, depressivos, desviados. De todas as formas, esse exército de não-sadios soltos pelo mundo serve de referência a uma pretensa normalidade predominante. Os Normais são aqueles que não possuem defeitos, se comparados aos monstros com quem convivem, como a garota em relação à amiga "feia", como o chefe que rebaixa seu subordinado, temendo que descubram suas falhas. Os Normais ditam a norma, impõem sua normalidade aos demais "mundos", sobre os quais não conhecem e nem querem conhecer. A Norma é o centro do universo, e o que é de fora é bárbaro, involuido, pecador, sublime, limítrofe. Talvez um dia os Monstros serão a norma, e o Normal de hoje será apenas algo previsível demais; nesse dia, seguir os passos normais talvez não mais valerá a pena ...

Um comentário:

Durval disse...

Esse dia é hoje. Como diz Caetano, de perto ninguém é normal.