26 de abril de 2009

O Monstro I

O Monstro ganha vida e salta da tela, sai de dentro de nós, por nós, para nos mostrar o que somos, do realmente somos feitos. O monstro sai de nossa casca bela, de nosso casulo protegido, e aparece à nossa frente tão feio quanto de fato é, talvez mais feio até. Eu suspiro e sigo em frente, com a realidade chocante dispersa em meio a algo que parece menos que real, um sonho onde tenho a certeza de que estou acordado. Onde há espaço a dor preenche, ela invade na primeira oportunidade, doença inoportuna. Depois a dor cede, dissipa-se, confunde-se com a inevitabilidade da vida, vida é dor, entremeiada de prazeres fugazes e obviamente idiotas. O monstro dorme um pouco, e me deixa dormir por algum tempo. Mas está lá, mora com todos os pequenos e grandes pecados, alimenta-se da nossa culpa, fomenta culpabilidade. O trabalho é árduo, matar o monstro exige técnicas avançadas demais, demoradas demais. Melhor faze-lo dormir, acariciar seu dorso, fazer amizade com o monstro e mantê-lo sob relativo controle. Ele morrerá conosco, talvez faça descendentes conosco, mas nosso monstro pessoal vai para o túmulo, talvez um pouco antes de nós, ou talvez segure nossa mão quando a hora chegar.

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