10 de outubro de 2019

In Vino Veritas

Sou um amante da verdade. Adoro a crudeza de um sorriso escrachado. Amo um descontrole emocional. E um deboche amigo. Essas coisas só são possíveis em ambientes não envenenados pela pretensão. Por isso, odeio a pretensão. E odeio os pretensiosos que pretendem ser a evolução da humanidade mas, por isso mesmo, são exatamente o contrário. São as asas de Ícaro, que por mais alto que o levem, ainda são de cera, e derretem com o calor.
Pois é, mas a pretensão é uma praga. O cara se acha o tal amaral, porque marcou mais pontos que o outro, porque teve mais mulheres, mais carros, mais publicações, mais influência com o regente da orquestra, mais amizade com a rainha do baile, mais bala na agulha com o prefeito da cidade.
Para minimizar essas diferenças entre diferentes poderes e moedas, e para talvez trazer à tona a essência primordial, pura e simples, dos homens e mulheres, criou-se a bebida alcoólica. Extremamente democrática, coloca todos no mesmo nível, por apenas uma noite. Depois, tudo volta ao seu desequilíbrio de casta usual.

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