12 de julho de 2012

Aqui Jaz o Amor

"Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza." (Álvaro de Campos - het. Fernando Pessoa)

Aqui jaz o amor. Ele ficou feio, pois a vida ficou feia. O amor de amar sentir, de amar estar perto, de amar admirar o outro, acabou. Ele tem força para renascer? Hoje, duvido. Hoje eu sou luto, e não luta. Hoje eu não sou nada além de amargo, ácido, calcinante. Hoje não sou nada além de desajustado, descompassado, inadequado, errante, errado. A minha tese não importa. O meu tesão não tem mais tempo. O meu tesão não tem mais eu. Eu era referenciado por ela. O que gostar, o que vestir, como ser bom, como ser legal. Admiração cede lugar à Admoestação. Lambo minhas feridas, mas agora fui posto num lugar onde não poderei, não mais, causar ferimentos. A minha acidez vai me dissolver e, juntos, eu e minha bile venenosa e ácida, escorreremos pelo ralo, deixando o mundo aos belos de coração. "Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo."

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