14 de dezembro de 2010
O tempo de máquina e o tempo fora da máquina
A métrica de produção invadiu o ser humano. O tempo é artigo raro para todos, porque a vida moderna faz com que nos mantenhamos produtivos o maior tempo possível. Não existe part time job que renda aquilo que se precisa para sustentar a máquina. Vivemos pela e para a máquina, vivemos deixando a máquina funcionando em três turnos, como as melhores indústrias de todos os ramos. Porque produzir muito é premissa, produzir sempre é básico, e o preço sobe se o produto fica concentrado e raro, ele tem que ser aos borbotões, tem que invadir todos os nichos, tem que roubar mercado, tem que sobrar e não sobrar. Temos que vender mais por menos e o tempo todo. A cada vez dedicamos mais força para fora, e menos para dentro. Cada vez menos tempo fora da máquina. Cada vez acumulamos mais e mais funções, menos gente fazendo o trabalho de mais gente ainda, e vivendo uma vida sem consciência da verdadeira dimensão que o trabalho ocupa em suas vidas. Corporativos, mesmo que autônomos, mesmo que donas de casa, mesmo que crianças (sim, as nossas crianças e a competitividade quase nata, o excesso de atividades, a morte da ignorância abençoada). Fomos todos institucionalizados.
Eu sou muitas coisas, incluindo alguém que não curte minicvs. Comunicador social, com pesquisa de mestrado sobre como a mídia mostrou a guerra na Síria, com ênfase no Oriente Médio... mas não sei se isto explica os textos (ao menos até Agosto/2012). Desde 2016 vivo em Helsinki, Finlândia, e venho postando timidamente histórias e observações sobre o mundo sob esta nova perspectiva imigratória.
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