30 de janeiro de 2009

O pequeno mundo de Babel

No reino da minha cabeça, nada fecha completamente. Nada cicatriza de vez. Há sempre fístulas, pequenas e incômodas, lembrando que estão ali. As coceiras são intensas e tiram micoscópicos nacos de pele. A desordem das sobrancelhas faz com que incômodos fios, como que taturanas, andem sobre minha testa, por vezes deixando cair algumas de suas milhares de pernas ou antenas. Nada é realmente real, além das florestas de pelos brancos que ultimamente vem dominando a vegetação de cabelos e pelos em todos os lugares do corpo. A vontade cresce sempre, mas simplesmente não é igual. De tanto cavucar em busca do sal da terra, minhas unhas estão sujas, quebradas e as pontas dos dedos, esfoladas. Os joelhos rangem um pouco, os pés e costas reclamam mais. Mas o que faz mesmo toda a diferença é a crudeza do aumento absurdo de entedimento e percepção, a sordidez da realidade que simplesmente é, e não se pode mais camuflar. A pílula é amarga, não dourada. Sim, também existem momentos de paz ou de agitação controlada. As pessoas com quem troco amor, diariamente, ou de tempos em tempos, são as únicas coisas que fazem algum sentido, por simplesmente destoarem de todo o resto e, assim, não fazerem sentido algum. Eu vivo em meu pequeno mundo, com sonhos limitados e calma limítrofe.

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