18 de abril de 2008

Não vire ostra


Quem dera fosse fácil. Quem dera fosse nosso. Quem dera nos dessem algo de presente. Não, temos que tomar com as mãos, tomar de volta, meu irmão. Em nossa educação nos disseram que o mundo era nosso, até onde nossa vista alcançasse, mas que o haviam tirado de nós. Era nosso, mas estava tomado. E este é o padrão com o qual vimos trabalhando desde então. Nada é nosso, nada é simples. E a culpa é dos outros.
Saber disso é importante, saber de onde viemos, de que realidade viemos, com quais valores fomos moldados. Mas saber disso só será útil se fizermos o movimento na direção certa, irmãozinho. Não basta dar socos no ar, tem que ter pegada. Não basta saber atirar, tem que mirar antes, definir o plano e executar. E esquecer que o mundo é nosso e que somos príncipes em um reino de fadas. Porém, essa nobreza medieval nunca vai nos abandonar. É o legado com o qual faremos nosso sucesso. Ou não. Mas afinal, e daí? Quanto de sucesso realmente precisamos? Existe na nossa formação uma "dualidade de caráter", de um lado o pai que sempre teve a segurança de ter onde cair morto, e por isso nunca se preocupou muito, e por isso sempre disse que um dia retornaria, e de uma mãe cujos laços com a terra natal foram rompidos abruptamente, causando grande insegurança e apego material. São visões bem contraditórias, porém podemos pegar um pouco de cada coisa boa de cada visão para construir nosso mundo. Você não está nem nunca estará só, e nem desamparado, mas deixe que o ar entre pela janela, não vire uma ostra, meu irmão.

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