13 de dezembro de 2007

O Fim da Euforia

Pra quem sempre gostou de ser o último a ir embora, ele havia mudado bastante. Ultimamente as pessoas pareciam para ele repetições de si mesmas, lengalengas insuportáveis que faziam-no desistir de ouvir, concordando com a cabeça vazia, balançando, cheia de sono. Um mundo perfeito aguardava-o logo após o martírio: sua casa, sua família, sua TV, seus livros e cozinha, seus vinhos, seus prazeres. "E a discussão política, e o futebol, e as mulheres?" perguntavam seus amigos - "Você sempre foi fã de um bom bate-boca!!!" A resposta era a mesma, "pois é... pra você ver...". A verdade é que a euforia deixou de existir, que o brilho, o torpor, a sensação de potência ilimitada e de imortalidade tinham cessado. Encanto findo, cai a carne contra o chão de pedra. Cai, na real.

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