18 de fevereiro de 2012

A Gaiola de Adele


Vivemos tempos vazios. Vazios de presente. Melancólicos, como uma música da Adele. A moça representa bem a dor do não realizado, não vivido. Adele é o retrato de uma geração que posa e emposta com firmeza, mas que carrega no peito um vão, um vazio sem perspectivas de preenchimento. Adele me lembra a frase da música "Nobody Home", do Pink Floyd:

"I've got wild staring eyes /I've got a strong urge to fly /But I've got nowhere to fly to.... "

Hoje, mais do que nunca, indivíduos têm a força, têm o poder de se expressar, de se conectar, de se fazer ver e ouvir. E quando todos têm o poder, ninguém tem nada. Toda essa potência, todo esse poder, foi dado a cabeças cheias de dúvidas, cabeças solitárias, pássaros engaiolados que não têm ideia de seu potencial.

Adele canta o sofrimento autêntico. Fosse uma alegria, e quase não seria ouvida. A dor encontra eco nos corações e mentes de todos os pássaros engaiolados do planeta.

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