11 de novembro de 2010

Quando" nós" se torna "eu"


A voz era comunitária e falava por muitas pessoas. A voz eram vozes, eram gritos pedindo atenção, na verdade exigindo. Uma voz refletia a vontade de muitos. Uma voz era a força da união de todas as vozes.
Um dia, a voz perdeu o brilho, e então, aos poucos, foi se calando, fechou-se em si, deixou de ser um pranto unificado, passou a ser um grito calado e triste. Aos poucos, as vozes abandonaram a voz, pois ela já não as representava mais, não contribuía em nada ao brilho das outras vozes. A voz não colaborava mais. A voz enfraqueceu, tornou-se quase inaudível. As vozes foram ser vozes sozinhas, pois a cada uma delas fora prometido "um lugar ao sol". As vozes queriam ser a sua própria voz, mas não entendiam que nunca seriam tão fortes separadas. Enquanto isso, a voz buscava também seu lugar ao sol. E o sol cresceu, ficou grande demais, e engoliu a Terra e todas as vozes, grandes e pequenas, e o dia seguinte nunca aconteceu.

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