21 de setembro de 2010

Fim da Euforia




E no final do baile, cansaço. Como um anjo decaído, a máscara se foi, borrada pelo suor e pelo atrito. Botões soltos, sapatos na mão ou esquecidos, de cristal ou de plástico, pouco mais de 4 horas, e poderiam ser doze, ou duas, não importa, a festa sempre acaba.
Festa é o nome que damos ao rito de louvor à felicidade, a uma das mairoes felicidades que conhecemos: a comunhão. Festa é partilhar com o outro do mesmo sentimento, quer seja ele o som, a luz, o glamour ou simplesmente uma reza, é tudo comunhão. Finda a festa, voltamos para a vida. A festa simboliza um pedido humano a um deus qualquer. Pedimos que esse deus torne eterna nossa alegria fugaz, nossa adrenalina de momento, nossa euforia extrema. Mas o responsável não nos atende, ao menos não de bate-pronto. Ele nos diz, metaforicamente, que temos que sofrer mais um pouco para merecermos mais. Temos que penar muito e temos que ter só alguns momentos, vislumbres michos apenas, do que é a felicidade. É cristão, e é absurdo, mas é tudo o que faz a maior parte de nós, a maior parte do escasso tempo que temos.

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