7 de julho de 2008

Feira Livre

Eu sigo meu pai por uma feira. Ele parece feliz, parando em todas as barracas, negociando com cada feirante, indignando-se com cada preço alto, experimentando frutas recém-cortadas por um facão bastante usado. Normalmente eu ficava irritado com o entusiasmo dele em ir para a feira, principalmente por querer que um dos filhos fosse com ele. Eu acabava cendendo e quase sempre ia. Ficava mal-humorado do princípio ao fim. Naquele dia não. A caminhada não me irritava, eu apenas estava ali como sempre estive, e daquela vez eu queria estar ali, queria vê-lo em ação. E é a metáfora da minha vida, uma feira livre, um pequeno grupo com regras estritas de funcionamento e jargão próprio, uma arena onde ganha-se pelo convencimento, e o prêmio é levar mais por menos. Há hora certa de se ir à feira, nunca logo cedo, quando a confiança do feirante é tão alta quanto sua montanha de verduras. Logo cedo ele não baixa o preço porque ainda tem o dia inteiro pela frente. Também, depois das 13h já fica tarde, e o consumidor corre o risco de não encontrar bons produtos. O ideal é chegar à feira por volta das 11 horas, dar uma volta onde todos os feirantes apresentarão suas mercadorias e propostas, e começar a comprar após ter visto tudo, equilibrando preço e qualidade.
Escolas de administração adoram discutir cases complexos de empresas famosas, mas acredito que poucos tenham tido a coragem de ilustrar suas aulas numa feira livre que algum professor tenha tido a coragem de agendar uma aula numa feira livre. Eu tive um excelente professor de negociação, ao menos quando o objeto negociado não morava na nossa casa. Os limites da minha habilidade negocial são minha mente. Quando não deixo inibições interferirem, a negociação é tranquila.

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