Havia algo mais, melhor dizendo algo a menos. Havia um pulso a menos, um tesão a menos, um quê de passividade. Era ele que era assim? Dessem um remédio desses para Picasso e ele criaria tudo igual? Don Juan e Sade assinariam suas obras com a mesma pena tesa? O que é um remédio civilizatório, que encabresta o homem, tapa uma pequena - mas não toda - parte de sua vontade de urrar e mugir quando bem entende? Não - disseram a ele - você não entende, nem bem entende. Nada de mais.
22 de fevereiro de 2010
O Mal e a Cura
Tomou remédio, pois chegaram à conclusão de que era muito nervoso. Vamos experimentar 10, 20 não pode fazer mal, 40 pra ver como reage, 60 é somente um teste. A calma veio, nada de mais, nada aparente, apenas um leve sossego, que causava um pequeno desassossego: Esse ser mais calmo e tolerante era ele? Ou era o remédio? Ou era ele com remédio? E sem, voltaria a ficar nervosinho e gritalhão? Era sem razão então que gritava, suas angústias eram meramente bioquímicas, as mazelas de sua vida não eram nada de mais, nada que qualquer um não pudesse aguentar sorrindo?
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