28 de julho de 2010

Nunca abandonei de verdade


Na minha cabeça, ninguém que um dia foi de verdade importante morre. Eu tenho uma caixinha onde deixo essas pessoas. Não é uma caixinha de razão, do tipo "ah, aquele amigo meu que não vejo mais me ensinou a empinar pipa, logo ele fica aqui, e aquela ex-namorada me ensinou outra coisa que eu guardo ali" - nada disso. É uma coisa mais religiosa, mais de ligação mesmo, com o passado onde vivi com tais pessoas. É um monte de memórias das sensações de uma época, que foram representadas por algumas pessoas.
É claro que tem gente que foi importante para mim, mas que eu fui enterrando, meio que "matei", talvez porque não havia espaço suficiente no meu Hard Disk cerebral. Mas, ao contrário, há outras pessoas que eu penso com muito carinho. Me pergunto o que pensam, acho que acham que eu as "matei". Não. Apenas não tenho condições de ter essas pessoas na minha vida. Perdi intimidade, perdi elos. Percebi que há limites para a abrangência humana, não como um todo, mas na esfera individual. Somos mortais, somos falíveis. Ah, sim, é uma desculpa esfarrapada. Tipicamente humana.

2 comentários:

Anônimo disse...

bonito isso

Fernanda disse...

Bab's, tem outros que pensam que os "matamos". Mal sabem o quanto estão vivos... Que falta fazem...
Beijos, Fernanda.